Patricia Stanquevisch

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Quando eu resolvi fazer as fotos nua, não tinha grandes aspirações. Era só uma forma de me relacionar com meu corpo. Poder, eu mesma, olhar para ele com amor, aceitação e desapego. Eu tenho escrito sobre o feminino que habita em mim e que está em ebulição. Estudo o que quero para este meu Estar na Terra, enquanto mulher. Rompendo com papéis. 

Só que as fotos me deram mais do que isso. Eu,também, queria tocar algumas pessoas com elas. Meninas mais novas. Uma provocação. Mas o que aconteceu foi que toquei mais gente. Mulheres de todas as idades, homens e todos. Recebi muitas mensagens, não só nos comentários da publicação, mas no meu inbox do facebook. Todos com absoluto respeito ao trabalho feito. E não só do Brasil. Amigos internacionais, com culturas mais abertas que a brasileira, me mandaram mensagens bem incríveis. A mais linda para mim: Você tem uma alma maravilhosa, num corpo incrível. <3 

Muitas pessoas me falaram da Coragem que tive em me expor. E, posso garantir, eu também acho que foi um super insight este, mas não foi de muito esforço realizar. Desde o começo foi simples. Com o fotógrafo Bernardo Borges, fluí no decidir como elas seriam, simplesmente destacando a minha pele branca (transparente) e meus cabelos vermelhos, sugestão dele. De manhã me preparei quase nada. Tive a ideia de pintar as unhas de vermelho e só. Chegando lá, foi muito tranquilo. Bernardo gentil e paciente. Colocou um roteiro de formas como eu vivo no dia-a-dia com meu corpo. Dormir, meditar, relaxar. Partes do corpo que eu não gosto. Partes que eu gosto. E foi mesmo muito fluído. Eu me esqueci que estava sem roupa. 

Coragem, eu acho, que é mais pelo lidar com o que o mundo vai pensar, né? E, para falar a verdade, esta é minha grande diversão. Eu liberei a expectativa de poder atender ao que se espera de mim. Nunca consegui atender a nada. Fracasso total enquanto ser humano na sociedade coordenada e organizada por pessoas. Péssima filha, mãe irresponsável, divorciada, sem emprego, sem bens, nenhum ar de princesa. 

Mas para ser honesta, acho que o mais importante é a Coragem de me mostrar e estar vulnerável. A tudo isso. De ser amada ou odiada. De expor o corpo de uma mulher de 51 anos, com todas as marcas deste tempo todo, parte dele carregando e amamentando dois filhos. Corpo de uma menina que foi levada da breca, com cicatrizes desde tombo de bicicleta até mordida de cachorro, por estar subindo na árvore do sítio vizinho. O mesmo corpo da menina que passou pelo abuso sexual e se fechou para os homens, a partir disso. Um corpo que achava que não seria possível se apaixonar e amar alguém de verdade e viveu isso por 49 anos. Numa ilusão louca de intocabilidade do masculino nela. Achando que estava no comando. E era só controle para não me deixar vulnerável a mais nenhuma violência. 

Há um insight do Jogo da Transformação® que diz: “Vulnerabilidade é a proteção perfeita.” Eu entendo. Porque é assim que posso mostrar para minha consciência o que é preciso para que eu seja cuidada. Interagir nas relações com honestidade e verdade. Nas relações honestas, me movendo com esta abertura e autenticidade, consigo me ver, me espelhar e me compreender. Estar vulnerável é uma condição humana. Para evoluir preciso reconhecer esta condição. E subir degraus. Dar passos. E como fazer isso sem olhar para mim mesma ? 

Eu sou forte. Sou corajosa. Sou decidida e disciplinada com o que quero. Vou lá e faço o que me proponho a fazer. Não existe impossível no meu vocabulário. Mas sou vulnerável. Porque é entrega. Entrega a qualquer resultado que venha. Porrada ou não. Não tem como saber. Eu sou mulher no cronos, mas sou uma menina no coração. Cheia de sonhos de menina, ainda. Isso é o máximo da vulnerabilidade. Sonhar sonhos de menina. Eles são tão inocentes, não acham ? Qualquer coisa pode machucar. 

Eu tinha um lema, quando jovenzinha. “Está para nascer o homem que vai me controlar.” Minhas amigas faziam apostas entre elas de quanto tempo um namoro ia demorar. Não podia tentar me controlar, fazer uma birrinha e adeus namoro. Daí nasceu. Meu filho. Ele foi o homem que me controlou pela primeira vez. Mudou minha vida. Meu olhar. Meu ritmo com tudo. Mas foi mais um descontrole. Só foi um homem interferindo nas minhas decisões. Mas vejam que interessante este pensamento. De onde vem este medo de controle de um homem, né ? Nem me importa de onde vem, mas para onde vai e onde está no presente. Também tenho olhado para isso. O quanto eu me controlava com medo de não ser controlada.

Como eu disse acima, só descobri aos 49 anos que havia apaixonamento e amor entre um homem e mulher, sendo eu metade da história. Isso mudou tudo na minha vida. Tudo em todas as dimensões. Mas eu só parei agora para olhar com profundidade o que é isso em mim. E percebi que quero descobrir mais. Estar fora da minha zona atual de relações para ver além, de outros ângulos. Olhar como observadora do tempo que passou até qualquer hora que eu queira dar stop na experiência. É mais um passo para a vulnerabilidade. Me desafiar e ir além do que estou conseguindo enxergar. 

Talvez coragem seja isso. Deixar-me vulnerável ao que o acaso tem para me oferecer.  E honestidade e verdade sejam a consequência desta escolha. Mas eu crio espaços para isso. Para os desafios virem e o aprendizado também. Crio espaço para o acaso. Funciona assim. Recebo insights muito claros do que preciso fazer. Eu amadureço ele. (isso faz pouco tempo que faço, amadurecer. Antes eu já tentava colocar em prática. Me dava bem mal). Fico apreciando cada pedaço deste insight. As nuances que ele me trás. Sensações no corpo. Vou na varanda, sinto o ar enquanto sinto o insight em mim. Troco umas ideias com pares. Daí começo. E começo sem saber no que vai dar. Só sigo o impulso. Assim nasceram o Destino ColaborativoA Forma, outras iniciativas que estão começando por aí, as viagens todas do DC, o Foda-si e minha próxima empreitada. Meu trabalho continua como espaço de expansão para mais pessoas, mas agora num novo nível. Há uma equipe de pessoas trabalhando para tornar esta experiência além do cognitivo. Não vai bastar me acompanhar nos diários de bordo. Vamos criar desenhos de experiências pessoais, para cada um que assim desejar. Apoiar a cada um dar o próximo passo para a Liberdade.

Liberdade de Ser. Liberando relações doentias, ilusões e crenças sobre tantas coisas. São passos que podem ser pequenos ou grandes. Depende do caminho de cada um. O que importa é dar um primeiro.

Hoje eu dei um novo. Me libertei do facebook. Sim, pessoas, estou fora dele.  Não quero mais alimentar esta plataforma. Sei que perco na interação, mas estou seguindo meu coração. Me deixa leve tentar encontrar um outro jeito de estar com estas 1977 pessoas do meu face. 

Vai acompanhando aqui ou no Medium.  Eu decidi que tenho algo dizer ao mundo e comecei a dizer. Vamos ver no que vai dar. <3

Com amor. 

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