Patricia Stanquevisch

Eu me lembro no que estava pensando exatamente neste momento da foto. E tem a ver com tudo o que escrevi neste texto. Ser Livre !
Eu me lembro no que estava pensando exatamente neste momento da foto. E tem a ver com tudo o que escrevi neste texto. Ser Livre !

Desde que decidi fazer a jornada para integrar feminino e masculino, muitas ferramentas e situações apareceram para que eu compreendesse o significado disso. Integridade não tem a ver com ser bonzinho ou malzinho. O Universo não tem ética. Certo ou errado. Bom ou Mal. Integridade tem a ver com Inteireza, com todos os aspectos do ser conectados, aceitos, alinhados e amados.

Estes aspectos se apresentam espelhados nas experiências com cada relação. No meu caso, de 2014 para cá, as situações que se apresentaram tinham força nas relações com o masculino. Foi um presente de imersão do meu corpo num novo contexto. Descobri que eu era muito além do que as identificações que se apresentaram até ali. Mãe, filha, esposa, irmã, amiga, profissional desceram ladeira abaixo. Rolaram até o fundo do poço, para não sair mais mesmo.

Chegou, então, a jornada com as Yoni-Eggs. Tão sincrônico e perfeito. Vindo, da natureza, o ápice da transformação. Um finalmente do meu corpo dizendo: “Me ouça. Em todos os seus aspectos eu te represento e te sinalizo. Sou teu fio condutor direto com a Fonte. Pergunta e te respondo.” O cristal, inserido em minha vagina, num processo cuidado, ancorado por uma facilitadora incrível, me relembrou este poder.

Os primeiros dias foram de reconhecimento desta conexão cristalina. Aprendendo sobre sua vibração. Mas entrando profundamente na ancestralidade feminina. Meditações uterinas, que fizeram emergir sentimentos relacionados à minha mãe. Este foi o primeiro back. Vi coisas que eu não queria ver. Uma dor intensa se apoderou de mim. E quanto mais eu resistia, mais doía. Até chegar o cansaço. Meu corpo se cansou. Foi físico mesmo. Não tinha força para resistir. Assim me dobrei e entendi. 

Foram fases: Resisti = Dor. Cansei – Caí. Conformei: Vivi o luto necessário para desintegrar a identidade que criei para o papel Mãe. Liberei no físico: Aceitei.

Aceitação: “Aceita o que é. Não é como você sonhou. Como você vê em outras pessoas. A sua experiência com sua mãe é o que é”. E assim foi. Só deste jeito eu consegui honrar o útero que me recebeu para estar neste mundo. E atrás dela, o útero das avós. E atrás delas, outras milhares.

Pensa que foi uma coisa de cada vez ? Nada… Foi tudo junto, ao mesmo tempo, agora. Antes de inserir o cristal, acontecem experiências de contato com ele e informação teórica sobre o corpo. E, neste começo, tive sonhos muito reais. A pessoa do sonho parecia estar ali na minha frente. Estava ali. No meu corpo, quarto, cama. Cheiro, voz, toque. Palavras que eu reconhecia, mas não compreendia. Acordava intensa, mas chorosa. E os sonhos me alimentavam de informações sobre o amor romântico. Várias figuras vinham. Na maioria homens com quem me relacionei, mas também alguns que não conhecia. E cada um me trouxe algo de mim. E todos trouxeram o que eu evitava. Todos, absolutamente todos em meus sonhos, eram homens que eu esperava ardentemente serem diferentes do meu pai, enquanto marido de uma mãe. Cada um deles mostrou um aspecto que eu desenhei dentro de mim como meta, daí entendi porque demorei tanto para me apaixonar um dia. Era medo de descobrir que minha idealização era só isso mesmo. Idealização.

Eu busquei sempre um homem ideal: que ele fosse diferente do meu pai. E não dei chance ao fluxo. Só me afastava. Só me fechava, inconscientemente. E negava o aspecto do masculino. Me comparo à Rapunzel sem cabelos. Esperando o príncipe encantado me tirar da torre. Me dar conta disso foi incrivelmente dolorido. Bem eu que sou antiprincesas. Bem eu que sou “livre”. Bem eu que nem queria nada que me ligasse aos contos de fada, viagens de conto de fada, cavalos e castelos. Bem eu sendo uma farsa de mim mesma. Esta farsa de mim permitiu muitos enganos. Abusos, mentiras, relações doentias, tudo em nome do propósito inconsciente de negar meu pai. E quanto mais eu me afastava de mim, mais eu estava perto de chegar na verdade.

Neste momento da jornada Yoni, eu já inseria o cristal no canal vaginal. E as situações se apresentando. Quando falo situações, são situações mesmo. Pessoas em ação. E assim, uma definição importante veio. Algo que mantive em ilusão se quebrou, enfim. Resisti acreditando… sim ACREDITANDO = DANDO CRÉDITO A ALGO, CRENÇA criada. Acreditando que uma relação poderia ser diferente do que estava sendo. Diferente de ter FÉ. Foi o mesmo processo: Resisti = Dor. Cansei – Caí. Conformei: Vivi o luto necessário para desintegrar a identidade que criei para o amor romântico. Liberei no físico: Aceitei. Aceitei que criei um personagem neste homem desta relação, que me provaria ser possível amar alguém e ser amada do jeito que idealizei. Aceitei que meu pai é o que é e a relação de amor dele com minha mãe é ou foi deles. Não é minha. Não preciso ser resgatada da torre e ser salva. Esta liberação me deu permissão para amar livremente. Sem querer controlar a experiência. Yep, Controlei muito. Namorei controlando, casei controlando, separei controlando, apaixonei controlando e ponto.

Integrei pai e mãe. E me despedi de todos que representaram papéis para que eu entendesse este processo. Neste tempo da jornada, li um livro indicado pela facilitadora. A travessia das Feiticeiras. Tá aí em PDF se quiser ler. E foi essencial para esta integração. Pois entendi melhor sobre os drenos energéticos que ficam dentro da mulher após cada ato sexual. Me aprofundei nesta questão, pesquisando, lendo e testando em mim algumas meditações de resgate desta energia. Cada relação deixa um dreno na mulher e a nossa energia fica parte com eles. Iniciei, então, o trabalho com cada ato do passado, homem a homem. Listei cada um. Recapitulei as situações. E percebo como o luto só finalizou quando a energia deste ato sexual foi reorganizada. Devolvi o dreno e retomei o que era meu. O que fica é um vazio, que não é pejorativo. É vazio de livre para uma nova entrada.

Acabou ? Nada. Filhos homens. Também surgiram situações em que me vi mulher sendo mãe de homens. Definindo limites para que respeitássemos o espaço uns dos outros. Sem abusos de uma condição sistêmica machista. Aprendendo sobre meu corpo mãe, que carregou um ser e honrando o propósito da maternidade. Foi lindo ? Foi, mas doeu, igualmente. O cordão umbilical não é somente uma conexão de alimento dentro do útero. Ele é uma conexão energética que perdura, e até a percepção de autonomia completa daquele serzinho, é bem intenso. E, independentemente de ter sido cortado ou não, quando esta cria sofre, tem suas próprias dores, lutos, medos, crenças, buscas, felicidades, alegrias, compreensões, whatever … a mãe está conectada. E a sofrência ou não sofrência da mulher mãe vai ter base na sua experiência pessoal e além disso. No meu caso, descobri o quanto é meu calcanhar de Aquiles. Eles são o norte do que estou sendo enquanto ser humana. São a manifestação mais pura do que representa em mim a grandeza e a pequenez. Em mim mesma se apresentam os dois conceitos quando diz respeito aos meus filhos. Sou grande e sou pequena. Grande por ancestralidade, pequena porque não sei nada, de nada. Cada dia um novo ensino. Todo momento uma nova perspectiva. Isso não dá conforto algum. Pelo contrário, me tira desta zona.

Eles, atualmente, moram com o pai. E ficou mais alerta em mim como as pessoas são machistas. Frases tipo: “como você consegue deixar com o pai ?” ou “você não deveria ter sido mãe.” ou “sua escolha de permitir que eles fiquem com o pai não combina com sua força feminina.”, entre outras. E ok. Minhas respostas a isso ficaram mais sutilizadas, menos drama interno. Só constatação de um mundo machista e sem minha identificação.

Final da jornada, não pareceu ser um fim. Mas meio. Eu estava borbulhando em processos internos. Tudo junto mesmo. Eu olhei para isso com muita coragem. De frente. Após o cansaço e o luto, quando chegou a Aceitação me senti de verdade. Fiz uma limpeza nas minhas coisas materiais que eram de mentira. Fiz uma limpeza nos meus contatos, do que era de mentira. E senti meu corpo mais leve.

Eu reiniciei a jornada para mais 21 dias. E o que tenho percebido, ainda dentro dela, é que os assuntos estão vindo com outra maturidade. Nestes novos dias com a gema, tenho visto mais sobre uma manifestação ancestral. Minha travessia da feiticeira pessoal. Estão me chamando as ervas, os caldeirões. A cura através destes sistemas naturais. Meu corpo está presente. Sinto força na pelve e em toda a região dos três primeiros chakras. Meus pudores estão cada dia menores. Parte da identidade de uma criação rígida e religiosa estão numa espécie de dissolução. O sexo não é tabu. E parece mais simples do que imaginava. Ou vivenciava.

Como dizem meus textos, O feminino que habita em mim entrou num vórtice diferente. Quando eu olho de fora o vejo como uma espiral que puxa a energia necessária para ele se manter em movimento. E, assim, atrai o novo.

A kundalini da Terra me aguarda na Patagônia e eu estou pronta para ela. Mas antes eu tenho uma outra coisa a fazer. Só conto quando estiver fazendo.

Para você que se inspirou e vai fazer a jornada das Yoni-Eggs, força e confia no seu corpo. Para você que me acompanha e está conectadx, força e confia no seu corpo. <3

E uma última dica. Quando falar com uma mulher sobre as dores dela, não dê respostas. Faça perguntas. Porque a resposta é única, pessoal e intransferível para cada uma de nós.

com amor

Patrícia Stanquevisch

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *