Patricia Stanquevisch

Um dia desta semana, sai cedo para fazer algumas coisas práticas. A cidade de São Paulo, às 7h da manhã é barulhenta e tensa. Parece que as pessoas acordam assim. Eu acordo sempre quieta. Num silêncio interno e desejando o silêncio externo. Geralmente, é meio impossível, dado ao lugar onde moro. Uma grande avenida passa ao lado do meu quarto. 

Especialmente neste dia, não deixei o barulho externo me perturbar, mesmo estando na rua. Meu bairro é muito bonito. Cheio de árvores, algumas frutíferas. Gosto de apreciar. 

Daí, me encontrei com uma enorme árvore no caminho. Parei e a observei. Muito alta e com o tronco largo. Me deu vontade de abraçá-la. E lembrei do que aprendi em Findhorn. Uma das experiências que o grupo que esteve lá em 2016 teve, foi uma vivência com seres do meio ambiente, tais como as árvores. E a facilitadora, uma das pessoas que mais me tocou entre tantas que conheci lá na vila, nestas vezes todas que estive lá, fez uma harmonização com um baralho das árvores e nos explicou que poderíamos colocar qualquer problema que tivéssemos, nas mãos delas, mas com uma condição. De que não falaríamos mais daquilo. Simplesmente entregar e esquecer.

Veja mais fotos do Rio Findhorn neste link. São incríveis imagens captadas por Bernardo Borges.
Veja mais fotos do Rio Findhorn neste link. São incríveis imagens captadas por Bernardo Borges.

Pois… no dia seguinte fomos ao Rio Findhorn. Um dos locais que amo estar. Uma floresta cheia de mistérios e de árvores centenárias. Já estive lá algumas vezes. Mas desta vez foi mais especial. Eu me entreguei no útero da árvore avó. Olhem as fotos dela. Ali, naquele espaço, eu entrei e fiquei. Papeando. Ela falou do feminino. Já falei disso aqui no blog. Me cuidou e deixou uma seiva grudenta no meu chapéu. Nunca mais saiu e eu não tentei tirar.

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Ao me lembrar disso, aqui em plena São Paulo barulhenta, abracei aquela árvore que encontrei e deixei ali algo que eu preciso acessar. E não posso falar aqui, pois este é o acordo, né ? Não falar mais do assunto. Mas como é difícil. Muito. Só que a cada dia eu compreendo mais sobre isso. O Silêncio é um enorme aliado que temos. Quanto menos falamos o desnecessário, mais nos abrimos para a abundância.Muita falação, reclamação, mimimi, me afasta do meu centro. Tenho desfrutado deste silêncio. Deixando menos gente entrar no meu espaço sagrado. Menos gente dar palpite. E entregando minhas necessidades às árvores. Com confiança.

Quanto mais me conecto às árvores, mais compreendo qual mudança precisamos fazer no mundo. Como seres como elas podem nutrir umas às outras, independentemente se suas espécies, independentemente de estarem presas no solo, porém com raízes que se expandem e se conectam? Eu vejo a humanidade podendo ser assim, mas com desafios que os afastam desta conexão que somos. De fato, as árvores podem não ser racionais. Elas não tem EGO. Mas têm uma consciência, uma inteligência. No meu entender, mais expandida que a nossa. Ainda brigamos entre nós, por sobreviver. Ao invés de usarmos nosso racional para criar um sistema verdadeiramente de colaboração, sem escassez.

Há quem dirá que isso já existe. Não tenho visto na prática. Vejo pessoas falando bastante. Mas agindo pouco. Vejo bastante julgamento, escasseando o mundo de quem faz. Vejo pouco silêncio interior que poderia nos nutrir de mais sabedoria. Mas isso é o que eu vejo. E, como diz um ser humano que conheci, a gente vê o que consegue ver. Talvez porque eu mesma julgue. Eu mesma faço muito barulho. Eu mesma só consiga ver o que me escasseia. Por isso, empreendo no autoconhecimento e na minha evolução. Para que eu veja e enxergue além do que consigo hoje. Além das aparências.

Este vídeo mostra uma pesquisa de uma doutora canadense, sobre a conexão das árvores. É curto, mas bem interessante.

Agradeço às Árvores, pela paciência com o ser humano. Pela coragem de estarem aqui neste planeta com seres que as agridem. Pela sabedoria ancestral que me alimenta, quando estou conectada à elas. Pela sombra, no calor. Pela beleza. Por ser casa dos passarinhos e outros animais. Pela inspiração.

Com amor. 

Patrícia Stanquevisch

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