Patricia Stanquevisch

Para entender este Diário de Bordo, é preciso conhecer um pouco da minha história recente. 

Eu tinha um sonho. E ele era de promover sonhos. Ajudar as pessoas a superarem os obstáculos que as impediam de realizar seus sonhos. 

Comecei sendo técnica de ginástica. Não me importava que os ginastas ou integrantes de minhas equipes pensassem em superar o outro, mas superar a si mesmos. E disso vinham sonhos. Sonhos em grupo, sonhos individuais. Participar do maior evento de Ginástica no mundo, era o sonho de muitos destes. E eu trabalhava para que isso fosse realizado. Não tínhamos dinheiro. Esporte não apoiado por patrocinador, pouco acesso à mídia. Mas minha força estava neles, os ginastas. No potencial deles. Fazia assim… ajudava cada um a explorar o seu melhor. Eles faziam apresentações em eventos para arrecadação financeira, vendiam latinhas de refrigerante para ferro velho, vendiam chocolate nas janelas dos carros nos faróis. E assim, eles iam atrás dos sonhos. 

Fui aprendendo mais sobre sonhos. E percebi que poderia dar um passo a mais. Criei uma Escola de Esportes chamada Moventis – significava Aquele que se move a frente. Ela era formada pelas Ginásticas Oficiais – Artística, Rítmica, Geral, Acrobática, Trampolim e mais a Patinação, Tecido, Skate, Dança, Rope Skipping. Doei de mim o máximo que pude. Para todos nós realizarmos sonhos. Para que o professor tivesse a remuneração que ele sonhava ser justa. Para que os alunos conseguissem ser o que queriam. Para meu sonho de um mundo mais livre pudesse ser realizado. 

Cresci muito, enquanto profissional, educadora, mãe e empresária. Fui indicada dois anos seguidos para Mulher Empreendedora Sebrae. Escolhida como cidadã inspiradora pela Rede Globo no final do ano de 2008. Mas nada disso era meu sonho. Meu sonho era que as pessoas pudessem se superar.

Em um determinado momento, fiquei doente. Muito doente. E a escola acabou. Não consegui levar adiante. Foi uma escolha dura. Mas acabou.

Anos se passaram. Imaginem o túnel do tempo saltando para 2013. Dava aula na universidade. Coisa que sempre fiz, junto com as outras atividades. Mas não queria mais. Larguei tudo. Não sabia mais fazer algo que meu coração não vibrava. 

2014 conheci a Laboriosa89. Lá, um monte de gente que, também, estava entendendo que o paradigma mudou. Assim como eu. Muitas coisas aconteceram. Conheci o amor romântico, um homem incrível que me ensinou muita coisa.  Conheci pessoas que se tornaram parte da minha vida, como se me conhecessem a milhares de anos. E acho que é isso mesmo. Há vidas temos nos encontrado.

2015. Eu ainda dividia apto com meu ex-marido, pela praticidade com filhos, dinheiro, etc. Mas decidi em fevereiro que sairia de lá. E saí. Não tinha emprego, não tinha renda. Vendi meu carro.  Este carro me dava a garantia de 3 meses de aluguel num apto no mesmo prédio que o pai dos meninos mora. Facilidade para todos. Eu contava com uma iniciativa em curso, que infelizmente não saiu do papel. E comecei a entender que era a grande virada.

Eu não tinha mais o paradigma antigo para me sustentar. Não sentia mais que devia procurar emprego, pois emprego me prendia e me deixava infeliz. Só podia fazer o que eu sentisse que estava alinhado à minha alma. E nasceu o Destino Colaborativo. Criar e fazer acontecer viagens para pessoas que não tivessem dinheiro. Isso tomou um tamanho lindo. Com mais pessoas interagindo comigo.

Assim, surgiu a viagem para o Monte Shasta. Uma viagem de conexão pessoal. Pessoas que acreditam que eu vim para o planeta para realizar algo que vai fazer bem a elas, apoiam meu trajeto, financiam e promovem esta viagem. 

Hoje, 10/05/15. Olhando tudo isso, o que vejo. Não tenho nada. Estava arrumando minhas malas e vi o pouco que vou levar. O tanto que tenho de roupa, é absurdamente mais do que preciso.  Muita coisa vai para o bazar do Destino outras para casa da minha mãe. E só vão para lá, pq não tenho tempo de olhar o que é e o que não é. 

O apto está sendo entregue. Não existirá casa, semana que vem. 🙂 Parece assustador. E é mesmo. E é deste diário de bordo que quero falar. O que será a partir de amanhã. Vou contar cada dor e sorriso que eu der neste mundo que está nascendo em mim. Com poucas coisas concretas, quase nenhum pertence. Vou falar de pessoas. Como elas lidaram comigo a partir de já e o que surgiu desta estranha decisão de não ter mais nada. Quero falar de lugares que conhecerei. O que eles me ensinarão.

Eu não acho que vou me tornar moradora de rua, como minha mãe deve estar surtadamente pensando. Mas acho que é muito diferente do que já vivi. 

Vem comigo. Vai construindo comigo isso tudo. Porque a única coisa que sei é que nada sei e só consigo construir junto de amigos e amores. Eu acho, e posso estar cometendo um erro dizendo isso, que as pessoas não perceberam ainda uma coisa importante deste novo paradigma: nós precisamos dos NÓS. Laços fortes e/ou fracos. Somos vulneráveis e aceitar isso é importante para sairmos do ego exigente do Sucesso. Nos NÓS está o AMOR. E com AMOR o medo não toma conta. E eu preciso deste AMOR comigo, neste passo difícil de abertura, e ao mesmo tempo de mistério. 

Meu compromisso com este Diário: contar tudo mesmo. Pouco ou muito, mas tudo o que se passar neste movimento. 

<3

Patrícia

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