Patricia Stanquevisch

Quando eu estive em Findhorn, pela primeira vez, pedi ao Universo que eu pudesse trabalhar no primeiro jardim, da Eileen e do Peter. Foi o Jardim mágico. Aquele que deu início a tudo. Ego total, né?  Me sentindo o máximo. Querendo estar onde esteve quem falava com o voz silenciosa. Algum mérito eu achava que tinha para conquistar aquilo. J

Lá, no primeiro tour, conhecemos Clunny Hill. Daí pedi para o Universo que não me mandasse para lá. Eu queria ficar no Parque. Tudo o que eu achava que era o melhor. Ego, sempre.

Tá bom, né? Fizemos, então, uma constelação, para que os locais de trabalho fossem definidos. A gente precisava andar encima de umas folhas de papel, onde estaria escrito para onde iríamos.  Sentir com o coração com qual lugar nos conectaríamos. Normalmente, havia uma ou duas vagas para cada local. E se uma folha ficasse com mais pessoas do que o número de vagas, a facilitadora pedia que fôssemos amorosos e mudássemos para um outro. Isso aconteceu comigo três vezes. Minha folha lotava, eu me mudava. Na terceira resolvi não abrir mão. Quando olhei o papel, bingo! O Universo decidiu fazer meio a meio. Meio Jardim Meio Clunny Hill. Não era o jardim primordial, mas o Jardim de Clunny. Eu poderia pedir para trocar, mas senti no meu coração que deveria me abrir para a experiência que se apresentava.

Cada um dos participantes retirou um anjo que nos acompanhou durante todo o processo. Meu anjo foi do Nascimento. Muitas coisas nasceram mesmo, dentro de mim e na minha vida, a partir da semana de experiência em Findhorn.

Meu primeiro dia de trabalho foi cheio de expectativas. O dia estava nublado, frio, mas foi lindo, ele todo. Minha função inicial era retirar as ervas daninhas.  Todo dia eu tirava erva daninha. No começo arrancava com força. Saía um punhado de raízes, mas eis que apareceu um passarinho (os pássaros em Findhorn são encantados) que me observava no trabalho. Quando eu arrancava tudo com força, ele ia lá no lugar da erva, cutucava com o bico até que eu conseguisse ver que havia mais lá no fundo. Isso foram dias… A erva daninha não saia toda. Fui percebendo que ela precisava era de delicadeza. Que eu afastasse a terra com cuidado e daí tudo sairia até o último pedacinho.

No último dia, quase que por magia, me dei conta de que aquelas ervas representavam minhas sombras. Se eu as arrancasse sem paciência, sempre ficaria ali um pedaço precisando de luz. E o passarinho era o Universo, me dizendo que estaria ali do meu lado até que eu entendesse a melhor forma de enfrentá-las e de conduzir o processo de iluminação nestes processos.

Garanto que este dia foi muito intenso, cheio de emoção. Não contive um minuto do choro. Aquele pássaro é parte de mim. Não consigo explicar aquela relação. No momento de despedida do nosso grupo do jardim, num local longe de onde eu trabalhava, ele pousou ao meu lado. Acredite quem quiser, mas ele foi até lá. Minha focalizadora disse que ele estava ali para me dizer adeus. Imaginem se eu não chorei.

Por esta experiência, eu decidi que moveria céus para levar pessoas para Findhorn. Não conheci, lá, pessoas que voltassem iguais para casa. Fosse com luz fosse com sombra em plenos estados do Ser. E eu senti o chamado de proporcionar para valer esta experiência para mais gente.

Logo quando voltei ao Brasil, já pedi uma data para a Fundação Findhorn. Me enviaram. Mas não consegui juntar o número mínimo de dez pessoas, necessário para um grupo, pois havia a dificuldade financeira, sempre que aparecia algum interessado.

Isso gerou uma inquietação em mim e que não sumiu. Final do ano de 2014, decidi criar o Destino Colaborativo. E deu no que deu. Já foram duas tripulantes para lá e agora vamos em mais 15.

Nesta iniciativa encontrei com muitas ervas daninhas dentro de mim. E venho tratando-as carinhosamente, pedacinho por pedacinho, me lembrando do “Bird”. Não arranco mais com força. Tiro sem ansiedade. (Aliás, como disse minha focalizadora do jardim, se fica um pedacinho, além dela crescer, pode se misturar com outras terras e contaminar. Muito cuidado nesta hora).

Hoje, aqui no aeroporto, vivi uma situação de erva daninha. Acho que retirei o último pedacinho, no meu coração, de um processo que perdurou muito tempo. Um medo de encarar uma realidade, um medo de estar cometendo um grande erro. Um medo de andar para outro lado a  revelia do Universo. Mas meu coração me diz que é isso. O caminho é claro, para outro lado mesmo. Oposto do que eu estava andando. Não à toa veio o Anjo da Clareza hoje, que me acompanhará até Findhorn. Ficou claro que eu precisava me empoderar de uma decisão em benefício do todo. Não em benefício de um. Ficou claro que meu amor pela Rede está sendo ancorado neste Projeto Destino Colaborativo. Que sou apenas uma ferramenta do Universo para que as pessoas acessem a abundância. Que a abundância não é usar tudo o que vem pelo campo de possibilidades, mas aprender a identificar o que é preciso, acessar a isso na hora necessária e utilizar de uma forma equilibrada, sistemicamente. Também, ficou claro que meu ego, meus desejos de terceira dimensão estão cada vez menos potentes, me dando mais chance de realizar ações alinhadas com o Self. Lembrei de que ontem escrevi, o que te chateia não está no outro, mas em você. E de algo que alguém complementou: É co-emergente !! Perfeito. Obrigada, Marcelo. 

Agradeci às sombras que se foram hoje e coloquei luz no seu lugar. Para que meu trabalho seja plenamente realizado, com amor. 

Peço a Deus, ao Universo, à Rede, que são para mim o Uno, que me dêem humildade, força, tranquilidade, clareza, discernimento, liberdade para trilhar o caminho novo que abro neste dia.

Fui !

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